quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Desperate ain’t lonely - Whiskeytown

     Ryan era um rapaz como todos os outros, na Carolina do Norte dos anos 90. Porque o frio também aperta nas noites geladas do deserto, Ryan aquecia o coração com dois ou três brandy e uma miúda a quem pagava por companhia, lá no bar.

     Um dia, cansado de esperar e usando a sua cabeça de pé-de-vento, Ryan pediu em casamento a Carolyne, uma dessas raparigas que usavam corpete para que os peitos (e as suas carteiras) ficassem mais aconchegados. Ora, a rapariga, que morava num trailer com o padrasto e mais umas quantas beatas de cigarro apagadas no chão, junto ao sofá, de pronto aceitou compor o seu futuro com o rapaz de camisa de flanela vermelha.

     Só que as raparigas de Piney Green, mulheres desejosas de se meteram numa pick-up com um barbudo de botas com esporas, até Raleigh, só amavam e respeitavam o dinheiro e nunca a um homem como este. Carolyne, como todas as outras, escapou de casa numa dessas mesmas noites frias, em que Ryan adormecia sobre a mesa, a pensar na vida e no trabalho.

     E Ryan, rapaz entregue à tristeza e aos infortúnios que lhe apareciam, decidiu pôr fim aos seus dias de cowboy infeliz e usou a caçadeira que aos Domingos servia para derrubar umas quantas latas enferrujadas, nas traseiras de sua casa.

     Quando o encontraram, no seu casaco de camurça estava um papel com o seguinte: “Eu tento não beber mas depois sento-me e penso e apenas enlouqueço… Estou desperado e só. De dia, solitário. De noite, apenas triste. Escrevi-te uma carta, com palavras que arranquei da garganta mas acho que o carteiro também bebeu, porque estava deitado na berma da estrada e a mensagem, que era urgente, quando chegou ao destino encontrou uma casa onde não vivias mais.” 

1 comentário:

Luís disse...

Acabei de descobrir este espaço e digo-te já que fiz ctrl+D

Já agora aproveito para te dar a conhecer o meu:
romanticfootball.blogspot.com