sábado, 17 de maio de 2008

Desire - Ryan Adams (48 Hours)

Quantas noites foram nossas, naquele quarto? Quantos olhos pusemos nós no espelho, para guardar o momento – cada momento – da nossa despropositada paixão?

E quantas vidas foram nossas, meu amor, quando se misturavam silêncio e média luz? Continuo por cá, sentado aos pés da cama, onde um dia se confundiram as nossas pernas. Gostava de trazer-te também para baixo, para que, com o sofrimento, pudesses também ver solenidade nos momentos que julgas terem sido comuns. E se, por obra de algo que outros possam ver mas não sentir (porque também o disse Maquiavel, “ver todos podem, mas serão poucos aqueles que possuem a qualidade do sentir”), te encontrares também escravizada a esse mesmo momento do qual eu falo, então dele façamos escasso acontecimento, ao invés de o amiudar, sob pena do mesmo ser alcançável por todos quanto o desejarem.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Guitarra de Ilusões - Copituna

Por entre o misticismo, estavas tu. E, no andar ofegante, quando os teus cabelos caem sobre a capa recheada de história, chamas a ti um momento de rara beleza. Quando ecoam os primeiros acordes na praça repleta de negro, juntam-se as nossas almas e choramos a vida, como quem chora uma partida necessária. Meu amor, se por ventura os nossos corações um dia seguirem caminhos opostos, façamos deste momento o mais solene de todos. Vamos ficar por aqui a unir os nossos lábios, a percorrer de mãos dadas esta praça como percorre a mão do guitarrista o braço do instrumento.

domingo, 23 de março de 2008

With tired eyes, tired minds and tired souls, we slept - Explosions in the sky

Vivemos no mundo da loucura. Vivemos no mundo da escuridão, da loucura. Vivemos no mundo da mágoa, da escuridão, da loucura.
E vagueamos por aí, com medo, com o subtil medo de que um arrepio nos atravesse a espinha, o estômago e se materialize, nos ataque. Não sabemos sequer do que temos medo mas depois de nos maquilharmos (corpo e alma) e sairmos de casa, sentimos medo. Como se de súbito os corredores não mais fossem seguros e de cada porta espreite o perigo, o abismo de nunca mais existirmos, porque a alguém um dia não prestaram atenção.
E então, com os olhos, mente e alma cansados, dormimos...